A Situação Atual
O medo de afundamento do bairro do Pinheiro ganhou mais força na última terça-feira (26), por causa de um mapa que começou a circular pelas redes sociais das áreas mais afetadas por esse problema e, para a surpresa de muitos, outros bairros da capital alagoana apareceram na área de risco.
A preocupação se iniciou em março de 2018 quando, durante um período de fortes chuvas, um tremor foi sentido na região que originou o aparecimento de rachaduras em várias casas, prédios, comércios e locais públicos, além do afundamento do chão. Mas até então o problema estava concentrado naquela região. Bairros vizinhos agora começam a apresentar os mesmos transtornos.
A prefeitura de Maceió decretou, nessa terça-feira (26), calamidade pública nos bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, em decorrência do agravamento das fissuras em imóveis e vias públicas nestas regiões.
“A calamidade enseja danos e prejuízos de natureza irreparáveis o que, por obrigação, todos os poderes têm que dar as mãos para evitar tais danos. O município, por si só, não tem condições financeiras e técnicas de enfrentar uma situação dessa gravidade. Com a decretação de calamidade, fica formalmente evidenciado que Maceió precisa de apoio financeiro, de pessoal técnico capacitado e, primordialmente, da união de esforços para enfrentar esse problema, que é sem precedentes”, enfatiza o procurador-geral do Município, Diogo Coutinho.
Desta forma, o problema, que já completou um ano, só vem aumentando. Segundo a Associação de Moradores do Bairro do Mutange, existem mais de 8.300 famílias no local. Alguns moradores evacuaram suas casas que apresentavam situação crítica na estrutura, mas, a maioria que ainda permanece, não possuei condições de se mudar.
Auxílio às vitimas em calamidade pública
Com todo o corrido, o secretário-adjunto especial da Defesa Civil de Maceió, Dinário Lemos, foi até Brasília para se reunir com integrantes da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil para discutir as ações que o Governo Federal planeja para as áreas afetadas pelas fissuras na região do Pinheiro.
“Foi uma reunião importante para que a gente conhecesse o que o Governo Federal está planejando para a região, após o decreto de estado de calamidade pública publicado no Diário Oficial do Município”, avalia Arthur Rodas, coordenador-geral de Ações e Contingência da Defesa Civil de Maceió, que também estava presente ao encontro. “Esse apoio é muito importante para que a população seja atendida da melhor forma possível”, acrescentou.
Porém, até o momento, a verba repassada para auxílio das famílias diz respeito somente ao bairro do Pinheiro. Mais de R$ 14 milhões foram repassados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), por meio da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Esse valor servirá de auxílio-moradia de 2.415 famílias, que receberão R$ 1 mil mensais por, pelo menos, seis meses.
Mesmo com o decreto de estado de calamidade de mais dois bairros, somente os moradores do Pinheiro foram cadastrados para receberem o auxílio. Até então, não se sabe o que acontecerá com os demais casos.
Os residentes nos bairros do Mutange e Bebedouro temem um agravamento da situação que já enfrentavam, desde o tremor que ocasionou as fissuras e afundamentos e cobram das autoridades um posicionamento.
Causas
No entanto, o que deixa a todos apreensivos é que, apesar do surgimento do problema ter mais de um ano, as causas ainda não foram esclarecidas. Geólogos de todo o Brasil já vieram a Maceió para tentar identificar o motivo do afundamento, mas não houve consenso.
Muitos alegam que as operações de extração mineral realizadas pela Braskem pode ser o motivo do aparecimento das fissuras. Mas há outras hipóteses como o surgimento de uma Dolina — fenômeno geológico que acontece quando parte do solo cede, formando uma cratera — ou o bairro estar localizado em uma área com atividades tectônicas ativas.
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