Pandemia gerou impacto negativo em 76% das empresas de Alagoas, aponta levantamento da Sudene

A pandemia da Covid-19 gerou impactos financeiros negativos em 76% das empresas de Alagoas, segundo estudo divulgado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O levantamento analisou os impactos da pandemia na área de atuação da autarquia federal, que abrange Nordeste, Norte do Espírito Santos e o estado de Minas Gerais.

A pesquisa avaliou os impactos da pandemia a partir de cinco indicadores: impactos financeiros, impactos no mercado, impactos nos processos organizacionais e impactos no emprego e acesso à programas de apoio. Foram analisados dados gerais e também por setor.

“A pesquisa da Sudene constata, no sentido empresarial, que o enfrentamento da pandemia obrigou aos governos estaduais e prefeituras tomarem medidas restritivas de circulação e movimento que, ao inibir os setores considerados não essenciais, localizados, principalmente, nos segmentos do comércio e serviços, derrubaram o faturamento das empresas, provocando o aumento do nível de endividamento e consequente queda do lucro e da capacidade de investimento”, disse o economista Cícero Péricles.

Total de empresas de Alagoas por setor:
  • Agropecuária – 589
  • Comércio – 16.999
  • Construção – 1.131
  • Indústria – 1.979
  • Serviços – 11.514
  • Total – 32.212

Entre as áreas de atuação da Sudene, as empresas de Alagoas (76%), Ceará (76%) e Maranhão (76%) foram as que mais sentiram os impactos negativos da pandemia.

Em relação a faturamento e receita, 76% dos gestores disseram que suas empresas sofreram impactos negativos. Mesmo com esse impacto, 7% das empresas aumentaram faturamento e receita nesse período, e 17% não tiveram nem impacto negativo e nem positivo.

Entre as empresas que informaram redução de faturamento, cerca de 38,7% das empresas perderam metade ou mais do seu faturamento neste período da pandemia, e 38,9% perderam de 26% a 50%. No setor de serviços, 38% das empresas de Alagoas perderam metade ou mais do seu faturamento.

Os dados apontaram que 74% dos gestores disseram que suas empresas sofreram impactos negativos em seu lucro. O impacto foi positivo para 5% das empresas, que tiveram aumento de lucro nesse período. Entre as que perderam lucro, 38% sofreram redução de metade ou mais do lucro, e 33%, de 26% a 50% do lucro.

Questionados sobre endividamento devido à pandemia, 41% tiveram piora no endividamento. Por outro lado, 47% das empresas não pioraram seu nível de endividamento e outras 10% diminuíram suas dívidas durante a pandemia.

Entre as empresas que contraíram mais dívidas, cerca de 40% aumentaram suas dúvidas em 50% ou mais. E 34 % tiveram aumento das dívidas entre 26% e 50%.

A pesquisa também analisou o futuro das empresas: 12% dos gestores disseram que suas empresas não serão capazes de se recuperar dos impactos da pandemia, mesmo que a longo prazo.

Cícero Péricles disse que além dos impactos financeiros, as empresas sofreram mudanças na forma de funcionar.

“Nas empresas nordestinas, o processo de mudanças internas, que vinha acontecendo de forma lenta, foi acelerado com o aumento dos processos de uso de recursos digitais e trabalho remoto. As mudanças tanto vieram para os negócios privados como para o setor público. Há uma ampliação das novas ferramentas, com a incorporação das novas tecnologias, plataformas e aplicativos, e a inserção nas mídias sociais. A transformação digital e o trabalho remoto, com a uso de novos suportes tecnológicos, estão presentes nas atividades empresariais e no setor público”, disse.

O economista disse também que o cenário para o futuro ainda é de dificuldades.

“Na área econômica, a pesquisa aponta para um período ainda de dificuldade, no qual o cenário para investimentos é negativo, havendo necessidade, segundo os representares do mundo empresarial entrevistados, de reforma tributária e linhas de crédito, assim como redução nas tarifas de água e energia. A expectativa fica para o final da pandemia e o começo da retomada da economia, provavelmente a partir de 2022″, disse Cícero Péricles.

Impactos nos bares e restaurantes

A previsão do setor de bares e restaurantes em Alagoas é de mais de cinco anos para conseguir se recuperar dos impactos negativos da pandemia. O G1 ouviu o presidente em Alagoas da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Brandão Júnior, sobre os prejuízos e o futuro.

“Nosso setor sofreu muito com a pandemia. Precisaremos de mais de 5 anos para recuperar os prejuízos caudados pela pandemia”, disse Júnior Brandão.

O presidente da Abrasel falou sobre os fatores que contribuíram para os prejuízos.

“Mais de 52% trabalham no prejuízo e fatores como fortes restrições de funcionamento, causando imprevisibilidade do funcionamento e elevação do custo dos insumos foram os grandes fatores. Atrelado a isso, as mudanças de hábitos de consumo com trabalho em home office , também prejudicaram muito nosso setor”, disse.

Brandão Júnior também pontuou do que o setor precisa para acelerar essa previsão de mais de cinco anos para recuperação.

“Recebemos um pacote de benefícios do governo estadual, como redução na alíquota da conta de energia e isenção por 4 meses do ICMS das empresas optantes pelo Simples. Poderíamos receber isenção no pagamento do IPTU dos prédios, pois os negócios ficaram sem funcionar por mais de 15 meses”, disse

“Outro ponto importante é o governo estadual e municipal fazer uma reparação ao nosso setor devido ao fechamento compulsivo de nosso setor, sem apoio financeiro para pagar nossos custos fixos; temos muita esperança que os governantes nos concedam apoio financeiro com isenção de tributos e impostos”, complementou o representante do setor de bares e restaurantes.

G1 questionou o Estado e o Município de Maceió sobre o apoio financeiro ao setor de bares e restaurantes e aguarda resposta.

Renda da população

A pesquisa mostrou que mesmo com impactos negativos nas empresas, a pandemia teve impactos positivos na renda da população alagoana. 31% dos moradores de Alagoas e da Paraíba indicaram que a pandemia impactou positivamente a renda domiciliar. Por outro lado, o consumo caiu para 34%.

A análise do economista Cícero Péricles sobre a pesquisa mostra que o auxílio emergencial teve impacto grande na renda do alagoano.

“O que a pesquisa da Sudene verifica, na região mais pobre do país, é que 60% das famílias tiveram suas rendas afetadas, o que explica a presença massiva do Auxílio Emergencial como medida anti-crise, no sentido de garantir a maioria dessas famílias o acesso a alimentos, remédios e ao pagamento das contas mensais. Essa situação emergencial impactou, também, o mercado de trabalho, ampliando o desemprego, numa região marcada pelas altas taxas de desocupação, justificando a ampliação das políticas sociais e dos novos mecanismos aprovados, como o Programa de Manutenção do Emprego e Renda”, disse Cícero Péricles.

 

Fonte: G1 AL

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